BATATAS
Procura-se um poema.
Desses de ver estrelas.
Que clareie as idéias
como clarão de pedrada na cabeça.
Que seja lúdico, sincero, apaixonado e de alma.
Que ao pensar que este,
é realmente este, e não aquele.
Que os "quês" tenham sentido
e deixem de ser meras conjunções explicativas,
emaranhando-se por versos afora.
Que explique o profundo lirismo da flor;
ou que invente algum outro motivo.
Quem sabe se reinventar em novos empenhos,
talvez até comece pelas pouco faladas batatas,
as doces, rosas, inglesas,
fritas, ensopadas, quem sabe?
Se este esta mesmo, é no meio de um caminho,
perdido pelas perdas do tempo,
tempo que já se foi,
de coisas mal plantadas;
de versos profundos,
perfumados, coloridos,
mas todos desperdiçados.
A começar pelas batatas,
estas sim, enterradas na terra.
Insólitas, estão com a vida destinada
ao ócio dos famintos.
Não viverão para explicar
a visão embriagante de uma lua nova,
toda imponente, num céu estrelado
de uma quente noite qualquer de outubro.
Seria sinônimo de pele alva,
e também de perfeitos cabelos
lisos, castanhos e ondulados
que extasiam o ser,
ao se completar com a mesura
de uma perene meiguice,
como que uma deusa de faces reluzentes.
Então, que se traduza
as palavras que docemente,
fazem o ciclo da vida
encontrar num novo poema,
o sentido das palavras,
de algo tão perto,
e nunca encontrado por estar enterrado,
como as pouco poetizadas batatas.
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