NOVO POEMA

Procura-se um poema.
Desses que me façam ver estrelas.
Que me clareie as idéias
Como clarão de pedrada na cabeça.
Que seja lúdico, sincero, apaixonado e de alma.


Que me faça pensar que este,
É realmente este, e não aquele.
Que meus "quês" tenham sentido,
E deixe de ser meras conjunções explicativas
Emaranhando-se por meus versos afora.

Que me explique o profundo lirismo da flor;
Ou que me invente algum outro motivo,
Quem sabe me reinvento em novos empenhos,
Talvez eu até comece pelas pouco faladas batatas,
As doces, rosas, inglesas,
Fritas, ensopadas, não sei.

Estou mesmo, é no meio de um caminho,
Perdido pelas perdas do tempo,
Tempo que já me foi,
De coisas mal plantadas;
De versos profundos,
perfumados, coloridos,
Mas todos desperdiçados.

A começar pelas batatas,
Estas sim poderiam explicar
A visão embriagante de uma lua nova,
Toda imponente, num céu estrelado
De um dia qualquer de outubro.
Seria sinônimo de pele alva,
E também de perfeitos cabelos
Lisos, castanhos e ondulados
Que extasiam meu ser
Ao se completar com a mesura
De uma perene meiguice,
Como que uma deusa de faces reluzentes.

Que se traduza em mim
As palavras que docemente,
Fazem o ciclo da vida
Encontrar num novo poema,
O sentido em palavras,
De algo tão perto,
E nunca encontrado por estar tão profundo,
Como as pouco poetizadas batatas.

  (Eber Fonseca)

Comentários

Postagens mais visitadas